(Ordenação Diaconal – Rodrigo Albuquerque de Oliveira – 5 de junho de 2021)
Com sentimentos de gratidão e alegria, diante da misericórdia de Deus que continua a chamar para o seu serviço jovens de nossas comunidades, estamos aqui para acompanhar este nosso irmão que hoje é chamado pela Igreja ao ministério ordenado, no grau do diaconato, em vista do ministério sacerdotal, para assim servir o Povo amado de Deus.
É muito oportuno que esta ordenação aconteça no início do mês vocacional diocesano. Dessa forma nos sentimos ainda mais comprometidos a pedir ao dono da messe que envie operários para a sua messe.
No coração do Rodrigo hoje há festa ao ver confirmada pela voz da Igreja aquele chamado que anos atrás foi despertado em seu coração. Pela vocação, Deus nos faz um “convite a fazer parte de uma história de amor que está entrelaçada com as nossas histórias” (Ch V, n. 252). O Senhor visitou sua vida com o chamado que hoje se confirma, precisamente quando você percebia que havia alegria no serviço aos demais, como coordenador de comunidade na sua paróquia de origem. Como todo jovem, você seguia os bons impulsos do coração e já realizava uma escolha profissional, a “gastronomia”, quando Deus lhe fez compreender que havia outra inquietação em você: saciar a fome de Deus no coração das pessoas, oferecendo-lhes o alimento de salvação, a sua Palavra e a sua Eucaristia. É consolador pensar que “Deus conhece os que Ele elegeu”, assim reza o lema escolhido por você.
A Ordem do Diaconato é o passo decisivo para quem foi chamado ao ministério sacerdotal, conforme a prática da Igreja. Começa-se por aqui, para compreender que toda a trajetória da vocação sacerdotal, a exemplo do Mestre, é “servir e não ser servido”.
As leituras escolhidas ilustraram para nós como Deus tem em alta consideração o serviço que se presta aos irmãos na Igreja. Os Atos dos Apóstolos falam da escolha criteriosa na hora de eleger os primeiros diáconos: “homens de boa fama, repletos do Espírito e de sabedoria”. O ministério requer o cuidado na seleção dos candidatos, pois se trata de colocar à frente da Igreja aqueles pastores que apascentarão as ovelhas pelas quais Cristo derramou o seu sangue. Ele pagou um alto preço por nós e deu-nos o exemplo, cuidando com esmero daqueles que seriam enviados ao mundo para levar o anúncio da salvação.
Nossa Diocese agradece todo o empenho que o Seminário Diocesano coloca na formação dos seus futuros padres, através de formadores dedicados, aqui representados pelo Reitor. Ao longo desses anos são muitos os agentes da formação do futuro padre: professores (ITF, UCP), diretores espirituais, os padres das paróquias onde acontecem os estágios pastorais, os leigos e leigas com quem se coopera na missão nas comunidades.
Por outro lado, todo vocacionado também deve cuidar bem do dom recebido.
Dirigindo-se aos jovens, lembrava o Papa Francisco que “a tua vocação te orienta para tirares fora o melhor de ti mesmo para a glória de Deus e para o bem dos outros. Não se trata apenas de fazer coisas, mas fazê-las com um significado, uma orientação. A propósito, Santo Alberto Hurtado dizia aos jovens que se deve tomar muito a sério a direção: «Num barco, o piloto negligente é despedido sem remissão, porque brinca com algo demasiado sagrado. E nós, na vida, cuidamos do nosso rumo? Qual é o teu rumo? […] acertar nisto equivale simplesmente a ter êxito; e não o conseguir é simplesmente falhar»”(n. 257)
O “rumo” da missão diaconal está ligado a ser sinal da presença de Cristo servidor. Você é chamado a viver o ministério em nossa Igreja diocesana. Ela tem consciência de ser Igreja servidora, procurando sempre novas formas de estar mais próxima das pessoas, deve estar a serviço dos seus irmãos e de toda a sociedade, através da missão específica da Igreja: da oração, do anúncio claro da Boa Nova de Jesus Cristo, dos sacramentos e da caridade sem fronteiras.
Hoje como ontem temos a missão urgente de ser servidores da esperança. O Papa Francisco, no meio da chuva, diante da calamidade sanitária que estamos enfrentando, proclamou na Praça de São Pedro vazia as boas novas do Evangelho! E repetiu aquelas palavras de Jesus na hora da tempestade: “Sou eu, não tenham medo! Além disso, a tua missão profética é despertar a missão profética de cada batizado, que deve ser um sinal de esperança em um mundo carente de tudo. A nossa esperança é a da Páscoa. Uma esperança que não vem de nós, mas de Deus. Por isso, a sua missão não é a da preocupação com os resultados, mas aquela de facilitar o encontro das pessoas com Jesus e acompanhá-lasna missão. Jesus é a fecundidade da Igreja, e essa fecundidade muitas vezes passa pela morte aparente e às vezes pelo fracasso, como na cruz.
A Igreja trará também sua contribuição ao nosso tempo, sendo ela mesma servidora da alegria. Não da alegria psicológica que precisa de estimulantes, mas daquela alegria mariana, que vem do fundo do coração que se sabe amado, que sabe que sua vida tem sentido e que ele não está sozinho. A comunidade é uma presença de alegria. Hoje, infelizmente, existem muitas tentações de divisão, seja profeta de unidade.
Finalmente, os sinais dos tempos indicam que a Igreja hoje precisa ser servidora da proximidade de Deus, de seu amor, de sua misericórdia. “Vocês são meus amigos”, nos disse Jesus no Evangelho: a amizade com Jesus é um dom e uma tarefa que Ele nos confia.
Que a exemplo de Santo Antônio, nosso padroeiro, o Senhor lhe conceda o desejo de experimentar a mesma santa inquietude que o conduziu pelas estradas do mundo para testemunhar com as palavras e as obras o amor de Deus, sob a intercessão da Mãe de Jesus, modelo de resposta atualizada ao chamado de Deus.
(Homilia de Dom Gilson Andrade da Silva, Bispo de Nova Iguaçu (RJ), na Ordenação do Diácono Rodrigo Albuquerque)