Campanha da Fraternidade e caminhos novos para a educação

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Estamos hoje, 5 de março, celebrando em nossas paróquias a abertura da Campanha da Fraternidade 2022. Os bispos da Igreja Católica no Brasil consideraram oportuno que o tema da educação entrasse na reflexão que anualmente a Campanha da Fraternidade provoca, durante o tempo fecundo da Quaresma.

A educação sempre esteve presente no horizonte dos discípulos de Jesus. Entre as tarefas que o Senhor nos recomendou, está o mandato: “Ide e ensinai” (Mt 28,19). No Evangelho as pessoas acorrem a Cristo como “o Mestre”,reconhecendo nele aquele que pode abrira inteligência para uma sabedoria que transforma a vida com valores perenes.

Os cristãos, por sua vez, desde o início do cristianismo, manifestaram interesse em oferecer a sua contribuição para o mundo da educação, a partir de sua visão antropológica que, em Cristo, é sumamente positiva. Deus ama os seres humanos e os alcança com a sua graça, ajudando-os a acolher os dons do Reino de Deus que são capazes de transformar a pessoa e a sua convivência familiar e social. Assim, ao longo da história, homens e mulheres, imbuídos pela força do Evangelho, foram protagonistas de inúmeras iniciativas educativas que contribuíram para a construção de relações mais humanas entre as pessoas. Alguns deles, como São João Bosco, foram iniciadores de movimentos pedagógicos que renovaram a visão da educação, facilitando assim a sua tarefa e o alcance de seus objetivos dentro da perspectiva da dignidade humana.

Nos encontros que tenho com pais e educadores em diversas ocasiões, testemunho asua preocupação sobre os atuais rumos da educação. Esta inquietação procede, poisa proposta educativa corresponde sempre à visão antropológica presente numa sociedade. Qual é a visão de ser humano que circula em nossa cultura? É importante se perguntar sobre isso, pois as propostas no mundo da educação tendem a oferecer instrumentos para formar a pessoa de acordo com uma visão determinada que nem sempre compreende o ser humano na sua globalidade. Hoje, um dos grandes entraves no mundo da educação é a visão fragmentada do ser humano que coloca em perigo a sua liberdade e a sua formação integral. Por isso, uma das propostas da Campanha é abrir caminhos para uma educação humanista integral.

A Campanha da Fraternidade pode nos oferecer ocasião propícia para debater sobre esses temas, avaliar as políticas públicas neste campo e encontrar caminhos conjuntos para uma educação sempre mais de acordo com as exigências da pessoa humana, na perspectiva do pacto global educativo que o Papa Francisco tem nos convocado.

Oportunamente, a Campanha da Fraternidade é proposta dentro da grande espiritualidade quaresmal. A conversão do cristão, além da transformação pessoal, tem sua influência no ambiente, e, consequentemente, pode favorecer o fomento da renovação da família, da Igreja e da sociedade.

Em nossa Diocese fazemos o esforço de que a reflexão possa superar os quarenta dias da Quaresma e esteja presente ao longo de todo o ano como compromisso concreto. Desse modo, somos todos convocados a participar, cada um no lugar que ocupa na Igreja e na sociedade. Aproveitemos os encontros de formação e de oração propostos. Interessa-nos também neste ano dar um renovado impulso à Pastoral da Educação. Os desafios sociais de nosso tempo não poderão ser respondidos sem um compromisso concreto de renovação no mundo da educação.Falar com sabedoria e educar com amor é o lema desta Campanha, que seja também o fruto maduro a ser colhido como experiência da Páscoa do Senhor.