A memória litúrgica de São José Operário, celebrada no dia 1º de maio, coincide no mundo civil com a importante data do Dia do Trabalhador e da Trabalhadora. O Evangelho testemunha que os contemporâneos de Jesus o conheciam como o filho do carpinteiro. A profissão de São José era parte importante de sua identidade. O trabalho é uma realidade tão humana e tão entranhada na vida da pessoa que chega a fazer parte daquilo que se é. Ser e fazer se relacionam profundamente. É próprio do ser humano o trabalho, embora, infelizmente, ele possa estar privado de emprego deste por diversas razões.
A celebração de hoje é marcada por tantos apelos que provêm do mundo do trabalho e pelas inúmeras solicitações que a classe trabalhadora legitimamente reivindica sempre e em toda a parte. Em todas as demandas do mundo do trabalho aparece o anseio por sua valorização.
A Doutrina Social da Igreja recorda que o valor do trabalho tem a ver não primeiramente com a importância do que se faz, mas de quem o faz. Por trás de qualquer trabalho, do simples ao complicado, do humilde ao mais luminoso, está sempre uma pessoa humana. A grande riqueza do trabalho é o homem ou a mulher que o realiza.
O grande São João Paulo II, que nos tempos de sua juventude conheceu a dureza do mundo operário, na fábrica onde trabalhou, deixou uma marca importante no ensino social da Igreja sobre o assunto, em sua Encíclica Laborem Excercens. Nela dilata a visão do trabalho humano como lugar de desenvolvimento global, tanto natural como sobrenatural da pessoa. Através do trabalho se oportuniza a santificação pessoal interior, a construção de um mundo melhor, o tempo que amadurece a humanidade nova, a responsabilidade social e a solidariedade.
Hoje também é ocasião para refletir sobre este anseio do trabalho que toda pessoa guarda dentro de si, como lugar indispensável para realizar-se e realizar sua missão no mundo. Esta reflexão necessariamente nos leva ao encontro de tantas pessoas que vivem sem trabalho ou o realizam em condições precárias.
O desemprego em grande escala, há décadas, bate à porta de milhões de brasileiros. Os fatores são diversos e não é o lugar aqui de fazer análises sobre essa realidade complexa. O fato é que se o trabalho é elemento importante na defesa e promoção da dignidade da pessoa, então uma das prioridades dos que detêm responsabilidades nos vários seguimentos da sociedade é, certamente, debruçar-se sobre buscas de caminhos para atender a essa importante demanda.
Esta tarefa não se fará sem a força da solidariedade. Os desafios desses nossos anos têm demonstrado que a solidariedade é a força que traz possibilidades novas diante dos grandes problemas que estamos enfrentando (pandemia, guerras, catástrofes climáticas, etc…). Também no mundo do trabalho, ou da falta de trabalho, a solidariedade entre as pessoas é o lugar do encontro de novas luzes. Isso supõe olhar-se de perto, interessar-se pela dor do outro e, nos próprios limites encontrar possibilidades.
O mundo do trabalho precisa de renovação. Com o passar do tempo parece ainda mais evidente colocar-se a pergunta sobre se haverá trabalho para todos no futuro. Talvez, com as atuais chaves de funcionamento das coisas tenhamos a tentação de pensar que não. Também neste campo estamos diante de uma encruzilhada que pede de nós decisões novas e difíceis e, sobretudo, o interesse sempre novo por todas as pessoas.
Neste Dia do Trabalhador e da Trabalhadora nossa gratidão a todos e todas que de maneira anônima tornam nosso dia a dia cheio de tantas oportunidades novas e boas e o nosso apelo para que aos que faltam trabalho não falte a solidariedade na busca de soluções. Por intercessão de São José Operário, Deus abençoe os trabalhadores e trabalhadoras do nosso país e os que buscam trabalho!