O fundador da Casa do Menor, Padre Renato Chiera, encontrou Francisco ao final da Audiência Geral na Praça São Pedro. Ao Vatican News, contou que foi agradecer pelo exemplo e pregação de amor aos pobres: “estamos tentando colocar isso em prática nas periferias do Brasil e agora em Guiné-Bissau”, o país mais pobre da África.
Por Andressa Collet e Silvonei José – Vatican News
“Uma emoção que eu já repeti três vezes”, contou o Padre Renato Chiera sobre o encontro com o Papa Francisco ao final da Audiência Geral desta quarta-feira (18). Em entrevista a Silvonei José, o fundador da Casa do Menor disse que entregou ao Pontífice o resultado de obras assistenciais que “nasceram da pregação e do exemplo dele: do amor aos pobres e das periferias”:
“Eu falei para ele que viemos aqui para agradecer, porque ‘o senhor colocou no nosso coração – a partir da jornada dos pobres – um amor muito grande aos pobres que o senhor chama de carne viva de Cristo’. E nós estamos tentando colocar isso em prática no Brasil, nas periferias, e agora na África, onde nós fomos em Guiné-Bissau, o lugar mais pobre.”
A missão na África
Além do agradecimento, o Pe. Chiera disse que também foram “dar um pouco de alegria” ao Papa ao expor sobre o trabalho conjunto que está sendo feito por duas entidades no país mais pobre da África: a Casa do Menor Família Vida, com 44 anos de atuação no Brasil, e a Obra Lumen de Evangelização, com 30 anos de atividades. Para dar seguimento ao projeto, o Pe. Chiera contou que ficou mais de 3 meses no local, numa “experiência de despojamento, de silêncio, de escuta, de pensar, de saber que não sei nada; de não fazer nada para escutar e não julgar, para admirar e colher os valores de Deus”.
A missão está sendo realizada na diocese de Bafatá, capital da região de mesmo nome, de maioria muçulmana, “para ser Igreja, lá onde a Igreja não pode chegar”. Em especial, o trabalho é realizado junto a crianças, adolescentes e jovens que estão na rua e são de diversas confissões religiosas. O Pe. Chiera disse ainda que o início da missão começa com o envolvimento da comunidade, as amizades feitas, para daqui a um ano acontecer o inserimento e o apoio. Para a comunicação, foi tentado usar o “crioulo”, mas sobretudo uma outra linguagem:
“Nós devemos falar e testemunhar uma linguagem que todo mundo entende: a linguagem da presença e do amor. Não podemos anunciar explicitamente Jesus, mas devemos anunciá-lo com a nossa presença de amor para que eles percebam, através de nós, que é o Evangelho vivido, o que é a presença do amor de Deus. Não conseguimos pregar, só acolher as pessoas.”
“Nós éramos um grupo de 5 e vimos que a missão nasce da comunhão: antes a comunhão, depois a missão.”
‘Com 80 anos? É jovem! Siga em frente!’
O encorajamento em continuar a missão pelos mais frágeis, seja no Brasil ou em outras partes do mundo, veio do próprio Papa ao brincar com o Pe. Chiera que disse já estar com uma certa idade:
“Eu tenho já 80. E ele disse: ‘ué, mas você é jovem! Vai, vai para frente! Vai para frente! Então, me deu coragem dizendo que não vou morrer já, porque ele disse que tem ainda muita coisa para se fazer (risos).”
Ouça a entrevista com o Padre Renato Chiera dada à Rádio Vaticano:
Fonte: Vatican News
Imagens: Vatican Media