No ano de 2014, a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), organizou pela primeira vez, a campanha do Setembro Amarelo. O dia 10 deste mês é, oficialmente, o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, mas a iniciativa acontece durante todo o ano. Em 2022, o lema é “A vida é a melhor escolha! ”
O Centro dos Direitos Humanos (CDHNI) desenvolveu no decorrer da semana uma ação junto aos funcionários da Diocese alocados no Cenfor, em paralelo com ações de conscientização que ocorrerão durante todo o mês como a palestra do psicólogo Leandro Ximenes, no dia 29 de setembro, às 14 horas, na Casa Beija-Flor.
Além disso, no dia 28 de setembro, às 20 horas, de forma online na Formação ABC dos Direitos Humanos, o encontro contará com a palestra da psicóloga, perita judicial, mestre em psicologia clínica e relações étnico-raciais pela PUC-Rio, Diny Sousa. A profissional também falou com a equipe de comunicação da diocese sobre a importância do envolvimento das instituições com a campanha do Setembro Amarelo:
“Como psicóloga, sou constantemente convocada no mês de setembro a falar sobre a conscientização contra o suicídio, sobre a valorização da vida. Vejo esse mês como uma oportunidade para amadurecermos e ampliarmos o debate e entender que o suicídio não pode ser encarado como algo isolado e individual apenas, mas deve estar ligado a um contexto social adoecedor, que produz sofrimento e que tem uma ligação direta com as desigualdades socioeconômicas e acessos aos serviços sociais e de saúde pública. Vivemos em um momento no país onde constantemente somos atravessados por notícias desesperançosas e de violência contra o próximo. Há em nosso país uma violência e opressão sistêmica contra a população negra, contra as populações indígenas, contra as mulheres, contra as pessoas com deficiência e a população LGBTQIAP+. É impossível olhar para os dados estatísticos e ignorar que precisamos romper com esse ciclo de violência e desumanização do outro. A campanha do Setembro Amarelo precisa falar sobre isso. Nesse sentido, é essencial que a igreja, assim como o poder público, lute em prol do fortalecimento de políticas públicas de saúde mental para a população que mais carece dela. Sem políticas públicas, sem democracia e sem falar de desigualdades sociais, racismo, homofobia, machismo e fortalecimento do sus e suas não existe saúde mental. ”
Acolher salva
O suicídio é uma triste realidade que atinge o mundo todo e gera grandes prejuízos à sociedade. De acordo com a última pesquisa realizada pela Organização Mundial da Saúde – OMS em 2019, são registrados mais de 700 mil suicídios em todo o mundo, sem contar com os episódios subnotificados, pois com isso, estima-se mais de 1 milhão de casos. No Brasil, os registros se aproximam de 14 mil casos por ano, ou seja, em média 38 pessoas cometem suicídio por dia.
Para a psicóloga Suzana Henrique, o acolhimento salva vidas: “Acolher o sentimento não é apoiar o suicídio. É ser capaz de se colocar no lugar do outro, se esforçando para entender suas razões e demonstrar que aquela Vida é sim muito importante. Julgamentos religiosos, sensação de fracasso ou covardia são capazes de calar milhares de pedidos de socorro, obstruindo o caminho para o diálogo.”