“A esperança não decepciona!” (Rm 5,5)
Ao Clero, aos Religiosos e Religiosas, Pessoas consagradas, fiéis leigos e leigas,
Estimados irmãos e irmãs,
A cada 25 anos somos convidados a celebrar um tempo de graça, o Jubileu, recordando o marco da Redenção que Nosso Senhor Jesus Cristo realizou em favor da humanidade inteira. A salvação que Cristo nos ofereceu é também hoje o acontecimento decisivo da história, indicando assim o seu valor e o seu destino. Como cantamos na noite de Páscoa, “de que nos valeria ter nascido se não nos resgatasse em seu amor?”.
A alegria de um Jubileu
A tradição dos Jubileus atravessa a história do povo hebreu como determinação do próprio Deus para fazer memória da sua intervenção a favor de Israel, dando-lhe uma identidade definitiva como povo (cf. Lv 25, 8-17). A memória, em nossa fé, torna sempre viva nossa esperança e renova em nós a força da caridade. Para que o povo tirasse todos os benefícios pessoais e sociais da graça jubilar, prescreviam-se práticas e rituais adequados ao tempo único que se vivia.
O advento de Jesus Cristo é o Jubileu por excelência: «as palavras e as obras de Jesus constituem (…) o cumprimento de toda a tradição dos jubileus do Antigo Testamento» (João Paulo II, Novo Millenio ineunte, n. 12 e 13). A terra inteira exulta diante dessa “alegria que será para todo o povo” (Lc 2, 10). Com Ele chegou para nós “o ano da graça do Senhor!” (cf. Lc 4, 19). “Por Ele e para Ele vivemos! Ele é o princípio e o fim” (Ap 21, 6).
O perdão que renova e transforma
Desde o início das celebrações dos Jubileus na Igreja, no ano 1300, existe a experiência da abundância da graça do perdão. Também no Jubileu do Antigo Testamento este é um dos temas do autêntico espírito jubilar. Trata-se do perdão de Deus que deve ter seu impacto na vida das pessoas e nas suas relações com Deus, com o próximo e com a Criação. Fala-se, por exemplo, do perdão das dívidas, pois não se pode agradar a Deus na terra prometida sem respeitar e ajudar o irmão (cf. Dt 15, 1-3). As indulgências jubilares restauram as nossas relações com Deus, purificam nossas almas e favorecem o encontro com os irmãos e irmãs a partir do coração. O jubileu será ocasião de retomar e atualizar a catequese sobre o Sacramento da Reconciliação e sobre as Indulgências, profundamente interligados. Na Bula de proclamação do Jubileu o Papa Francisco pede que nas Dioceses “deve ser dada uma atenção especial à preparação dos sacerdotes e dos fiéis para as Confissões e para o acesso a este Sacramento na sua forma individual” (n. 5). Em nossa Diocese estão previstos momentos para um aprofundamento (catequeses) nesses temas que são sempre de muita importância na experiência da fé pessoal e comunitária.
Conforme Decreto da Penitenciaria Apostólica de 13 de maio de 2024, a Indulgência jubilar poderá ser alcança, a partir da abertura do Jubileu, nas peregrinações aos lugares sagrados do Jubileu, ou seja, naquelas Igrejas que foram designadas pelo Bispo diocesano como tais. Além disso, elas poderão ser obtidas nas piedosas visitas aos lugares sagrados como também na prática das obras de misericórdia e penitência, seguindo as indicações estabelecidas no referido Decreto.
À luz da esperança
A celebração jubilar a cada 25 anos é uma oportunidade ímpar de renovação pessoal e eclesial e um serviço à humanidade, uma vez que a Igreja existe como instrumento de Deus para a salvação do mundo inteiro. Assim, a proposta é celebrar o jubileu à luz da esperança cristã. A força libertadora do Reino de Deus que chegou, está presente e se identifica com Cristo, oferece à humanidade possibilidades novas, caminhos inéditos para a história presente, em meio às contrariedades e lutas que enfrentamos.
Portanto, a celebração do Jubileu é também um serviço à humanidade inteira. Vivemos tempos sempre mais desafiadores. Por toda a parte há muitos sinais de desesperança que reclamam o anúncio da Boa Nova do Evangelho, pois “a esperança cristã não engana nem desilude, porque está fundada na certeza de que nada e ninguém poderá jamais separar-nos do amor divino” (Bula n. 3). A virtude teologal da esperança é também objeto de aprofundamento durante este ano nas catequeses previstas.
Caminhar… Peregrinar
Por isso somos chamados a caminhar neste Jubileu, pois quem tem esperança tem força para se mover, tem pernas para seguir em frente. De forma muito concreta o Papa pede que seja um tempo para se descobrir o valor da peregrinação, como “um elemento fundamental de todo o evento jubilar.” (Bula, n. 5).
Vamos fazer essa experiência concreta em nossas Igrejas jubilares. Para chegar até elas poderemos fazer um trecho a pé. Na quaresma faremos juntos, como Diocese, uma grande caminhada penitencial, indo ao encontro da graça do perdão e da misericórdia de Deus, espalhando pelo nosso caminho a Boa Nova da esperança.
Na Bula se ensina que “a peregrinação a pé favorece muito a redescoberta do valor do silêncio, do esforço, da essencialidade” (n. 5). Em um mundo adoecido pelo excesso de barulho, tentado pelas facilidades e pelo acúmulo de bens, enquanto outros não têm nada, convém mesmo tirar frutos da romaria, da peregrinação.
Mas por que caminhamos? A certeza da fé nos sustenta: “a esperança não engana, porque o amor de Deus foi derramado nos nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5, 1-2.5). Durante o jubileu encontraremos oportunidade de caminhar.
Sinais dos tempos…sinais de esperança
Ao bebermos a graça de Deus nos sacramentos e nas indulgências, queremos fazer ressoar em nossa realidade diocesana o convite a descobrir os sinais dos tempos que o Senhor oferece (cf. Bula, n. 7). Provocados pelos sinais dos tempos propostos na Bula queremos cooperar para transformá-los em sinais da esperança (n. 7), indo ao encontro das pessoas e das situações que precisam do suporte da esperança.
O Papa Francisco destacou os seguintes sinais: o anseio pela paz, a perda do desejo de transmitir a vida, os presidiários, os doentes nas suas casas ou nos hospitais, os jovens, os migrantes, os idosos, e os pobres, a quem muitas vezes falta o necessário para viver (cf. nn. 8 a 15).
Este elenco nos deve servir como proposta de uma atenção maior para as pastorais sociais. Com o Regional Leste 1 da CNBB queremos assumimos o compromisso de “revitalizar as pastorais sociais e reconhecer sua importância missionária na promoção da vida, da justiça e da cultura da paz” (Pistas de Ação para 2025).
Comunhão com as Dioceses do Regional Leste 1
Os bispos do Regional Leste 1 decidiram marcar o Jubileu da esperança também com um sinal de comunhão. Trata-se da peregrinação, pelas Dioceses do Estado do Rio, da “Cruz Jubilar” idealizada pelos Bispos. Ela representa um gesto que nos coloca em atitude de saída, indo ao encontro dos que necessitam da mensagem de esperança do Evangelho de Cristo, trazendo em si as marcas dos apelos à esperança em nosso Estado. Na Diocese de Nova Iguaçu essa peregrinação acontecerá entre os dias 21 de setembro a 22 de outubro de 2025.
Igrejas jubilares na Diocese de Nova Iguaçu
Além da Catedral de Santo Antônio de Jacutinga, estabelecemos como Igrejas jubilares, a Igreja Matriz das seguintes Paróquias: Nossa Senhora de Fátima (Cabuçu); São Judas Tadeu, em Heliópolis (Belford Roxo); Nossa Senhora das Graças (Mesquita); São Francisco de Assis (Queimados).
Os lugares sagrados do Jubileu favoreçam o “acolhimento sejam espaços privilegiados para gerar esperança” (cf. n. 24). Nessas Igrejas será visível, logo à entrada, o símbolo do Jubileu com a indicação clara de “Igreja jubilar”. O pároco zele para favorecer a organização das peregrinações com a colaboração dos diáconos, religiosos e religiosas, leigos e leigas. Estabeleçam-se roteiros de peregrinação para marcar um trecho de caminhada a pé para os que puderem fazer e siga-se o estabelecido nas normas da Diocese para a realização dos atos de piedade e da celebração eucarística, utilizando, na medida do possível, o formulário “Missa para o Ano Santo”, conforme o Ritual próprio do Jubileu, publicado pelo Dicastério para a Evangelização (Ed. CNBB).
Desde já convoco a todos os fiéis de nossa Diocese a viverem com intensidade, espírito de fé e de comunhão este Ano Santo dos 2025 anos do nascimento de Jesus. Nosso primeiro grande encontro será na abertura do Ano Jubilar, na Catedral de Santo Antônio de Jacutinga, em Nova Iguaçu, no dia 29 de dezembro, onde se concederá a bênção papal, acompanhada da indulgência plenária. Faremos uma peregrinação, partindo do Seminário São Paulo VI, a partir das 15h, em direção à Catedral onde participaremos da Santa Missa, seguindo o Ritual indicado. Para esta missa convocamos todo o clero, leigos e leigas, religiosos e religiosas, pessoas consagradas, seminaristas, etc.
Por determinação do Santo Padre, o Ano Santo terminará nas Dioceses no dia 28 de dezembro de 2025 e, no Vaticano, no dia 6 de janeiro de 2026.
A Coordenação Diocesana de Pastoral e a Comissão Diocesana de Liturgia nos ofereceram indicações precisas para que celebremos como Diocese este ano jubilar.
Desejo, em união com o Papa Francisco, que “este ano poderá ser, para toda a Igreja, uma intensa experiência de graça e de esperança” (Bula, n. 6) e “que a força da esperança encha o nosso presente, aguardando com confiança o regresso do Senhor Jesus Cristo, a quem são devidos o louvor e a glória, agora e nos séculos futuros”. Com Maria trilhemos os caminhos do Jubileu, semeando paz e esperança em todos os recantos de nossa amada Baixada Fluminense. Para todos invoco a bênção do nosso Deus e Pai.
Nova Iguaçu, 12 de novembro de 2024.
Dom Gilson Andrade da Silva
Bispo diocesano
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