Caros irmãos e irmãs, hoje celebramos Santo Antônio não apenas como “o santo dos milagres”, mas, neste jubileu dos 2025 anos do nascimento de Jesus, como o santo da esperança viva, amigo dos pobres e auxílio seguro nas inúmeras necessidades da humanidade.
Uma festa entranhada na história da nossa cidade há 162 anos, nos tempos ainda da Maxambomba. Desde lá e até antes Santo Antônio acompanha a história de nossa gente.
Sua devoção é patrimônio de nossa cidade e ele é Padroeiro de nossa Diocese. Sua vida e missão nos inspiram, sua intercessão nos protege. Quem foi Santo Antônio? Um santo que viveu em outro século, na Idade média, mas a luz de sua fé ainda hoje nos alcança e nos enche de alegria e de esperança porque tanto hoje como ontem ele compartilha as dores do nosso tempo, os desafios de dentro e de fora da Igreja, e nos convida, a seu exemplo, a termos coragem de ser sinal de esperança pela força da fé e do amor a Deus e aos irmãos. Um homem que mostra o que a Palavra de Deus é capaz de fazer nele e a partir dele. Pela Palavra de Deus deixou-se guiar pelos caminhos conhecidos e desconhecidos e também pela força dessa Palavra alcançou os corações, tornando Jesus vivo e próximo das pessoas de seu tempo.
O Evangelho desta festa apresenta Jesus instruindo os seus apóstolos sobre o caminho do missionário cuja tarefa é anunciar o Evangelho que traz esperança. Os que são enviados por Cristo têm a missão de anunciar com palavras e com gestos que o Reino dos céus é real e está próximo.
Nas instruções que Jesus oferece para o trabalho missionário indica que o seu enviado deve dar antes de qualquer coisa o dom da paz: “a paz esteja com vocês!” A paz é mais que um bom desejo, ela é primeiramente um dom de Deus, mas também uma tarefa humana cada vez mais necessária. A paz é essencial para a prosperidade e a harmonia, tanto individual quanto coletiva. Ela se instaura no coração, em primeiro lugar; depois, ela se torna meta a alcançar na família, na sociedade e na Igreja. Jesus coloca entre os bem-aventurados aqueles “que trabalham pela paz…esses serão chamados filhos de Deus” (Mt 5,9).
Santo Antônio nasceu em um mundo conturbado, marcado por injustiças, conflitos e pobreza… não muito diferente do nosso mundo. Para aquele mundo cercado de sombras, Ele ofereceu quem pode trazer a paz, mantendo o olhar fixo na luz que sempre está ao nosso alcance. Sua esperança não era ingênua nem superficial: baseava-se numa fé profunda em Cristo ressuscitado, na certeza de que o mal e a morte não têm a última palavra, mas de que o bem é mais forte que o mal.
Hoje, no meio de tantas situações que superam nossas pobres forças ouçamos de novo as suas palavras ao nos dizer: “Deus está próximo de quem o procura de coração sincero Não tenham medo do bem”. Santo Antônio nos lembra que o bem muitas vezes requer coragem. A esperança que ele pregava era também um chamado a mudar as coisas, a fazer escolhas corajosas.
A esperança cristã não é mero otimismo – que muitas vezes depende apenas de boas circunstâncias – mas é a certeza que se funda em Deus. É a esperança que nasce da cruz e da ressurreição de Jesus e que nos faz caminhar mesmo nas noites mais escuras.
Nas suas intermináveis andanças nosso Santo pregava o Evangelho da esperança. Com palavras fortes, sim, especialmente chamando à conversão os que se afastavam da fé, seguindo os influenciadores da época e da moda, e também chamava à conversão os que exploravam seus irmãos, preocupados unicamente com o lucro e as vantagens econômicas. No entanto, sua missão era pautada por um coração cheio de compaixão.
Ele falava de um Deus que perdoa, que levanta o pecador, que acolhe os que estão longe.
Ele falava do Reino de Deus como um mundo novo, onde a justiça e a paz habitarão. Com sua palavra comprometia as consciências: “Onde há fome, deem pão. Onde há injustiça, façam justiça. Se não fazem isso, como podem ser chamados de cristãos?”
As multidões iam ao seu encontro porque estavam famintas e sedentas, não apenas de pão e de água, mas de sentido, de verdade, de esperança. Nas palavras e nos gestos daquele humilde frade elas encontravam o mesmo Cristo que na Palestina andava em companhia dos últimos.
E hoje, irmãos e irmãs, não temos nós também fome de esperança? Num mundo que nos bombardeia com notícias de violência, guerras, crises, solidão… não precisamos de alguém que nos diga: “Coragem, nem tudo está perdido. Deus está conosco!”?
“Recupera-se o perdido, rompe-se a dura prisão e no auge do furacão cede o mar embravecido”, rezamos confiantes no responso de Santo Antônio.
Santo Antônio não é apenas um santo do passado. Ele está vivo na comunhão dos santos e continua a interceder por nós. Mas ele também nos ensina que a esperança deve ser vivida e testemunhada. Não podemos guardar para nós mesmos a luz da esperança cristã. O mundo precisa de testemunhas: pais que educam com amor, jovens que sonham alto, cristãos que não se deixam desanimar pelas provações, comunidades que constroem pontes e não muros.
A esperança é contagiosa. E Santo Antônio nos diz hoje: “Não tenham medo. Confiem tudo a Deus. Vivam com um coração grande. E levem esperança onde reina a escuridão.” Inspiremo-nos em seu exemplo. Peçamos-lhe que interceda por nós, para que também nós possamos nos tornar semeadores de esperança, especialmente aos feridos, cansados e desiludidos.