Fernando, pastor com cheiro das ovelhas

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FERNANDO, PASTOR COM CHEIRO DAS OVELHAS

 

Nesses últimos dias do mês missionário tivemos o pesar de sepultar um grande apóstolo dessas terras da Baixada Fluminense, o Pe. Fernando Vandenabeele. Missionário da Congregação do Imaculado Coração de Maria (CICM), de origem belga, iniciou a missão na Diocese de Nova Iguaçu, em maio de 1965, como pároco em Santa Maria (atualmente Belford Roxo). Homem preparado, fez seus estudos eclesiásticos na renomada Universidade de Lovaina e sociologia em Paris. Mas a bagagem acadêmica foi em muito superada pela sua grande humanidade que, pouco a pouco, se revelava no encontro e no cuidado que tinha com as pessoas.

 

Pelo seu dinamismo e preparo logo foi colocado à frente de vários outros serviços. Em abril de 1968, a pedido do bispo, assumiu a Centro de Estatística Religiosa e Investigações Sociais (CERIS) diocesano. Em 23 de dezembro de 1970, a pedido do bispo de Volta Redonda, D. Waldyr Calheiros, começa na Cidade do Aço amplo trabalho pastoral numa paróquia com 18 comunidades. Eram tempos de efervescência social grande no Brasil. O pároco do lugar tinha sido preso e Pe. Fernando foi para lá, junto com seus confrades CICM, para desempenhar uma missão nada fácil.

 

O Pe. Bernado, atual Pároco de Santo Elias, testemunha que “o trabalho em equipe deixou marcas profundas, como também o jeito do nosso amado coordenador Pe. Fernando.  Foram tempos fortes do Cursilho de Cristandade, de círculos bíblicos, formação de lideranças leigas nas Ceb´s sempre dentro das grandes linhas pastorais diocesanas do saudoso carismático bispo Dom Waldyr”.

 

Sua capacidade pastoral, intelectual e humana despertou a atenção a nível de organismos missionários de âmbito nacional. Assim, em fevereiro de 1976, ele assumiu o Centro de Formação para Agentes de Pastoral estrangeiros da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, o CENFI e, em 1979, foi encarregado de fazer a transferência do Rio para Brasília.

 

Em setembro de 1979, foi eleito provincial de sua Congregação no Brasil. Foram os anos em que animou, incentivou e visitou a nova missão que a Congregação iniciara em setembro de 1979, no Sul do Pará. Tendo exercido com muita responsabilidade e fraternidade a coordenação do Conselho Provincial, permaneceu na função até 1985.

 

A partir deste ano não deixará mais a Diocese de Nova Iguaçu, senão por um período de 3 anos, na Bélgica, como reitor de uma casa de Padres e Irmãos CICM idosos.

 

Cooperou com todos os bispos da Diocese até mim. Amado pelo povo das paróquias por onde passou, era admirado por sua capacidade de tornar Cristo presente no seu exemplo, carinho, capacidade extraordinária de amizade e um zelo extraordinário pelo cuidado de todos, especialmente dos pobres e esquecidos da sociedade. É recordado com carinho pelo trabalho de animação da Pastoral da Saúde, realizado no hospital da Posse, onde enfermos, funcionários da manutenção, médicos e enfermeiros se tornaram seus amigos.

 

Animado pela fé, a esperança e o amor ao Senhor que sempre o inspirava e animava na sua missão, com alegria e com o sorriso que sempre nos cativou,agora descansa da dura luta que enfrentou aqui e, certamente, nos acompanha do céu para que não desanimemos de seguir lutando pelo Reino de Deus que ele serviu com tanto empenho.

 

A Diocese de Nova Iguaçu tem no seu testemunho um dos seus pilares.Como bispo diocesano, sou profundamente grato pela semente bem plantada por ele nos nossos campos, já vemos tantos frutos. Sua colaboração como ecônomo no curto período que aqui estou e, sobretudo, seus conselhos maduros e amizade me dão confiança para seguir na missão, tendo também a ele como inspiração. Obrigado, Pe. Fernando! Sentiremos tanta saudade! O seu exemplo nos inspire!

 

Fonte: Pe. Bernard M. Raymon Masson, Discurso na Missa das Exéquias de Pe. Fernando.

 

Artigo de Dom Gilson Andrade da Silva, bispo de Nova Iguaçu e Vice-presidente do Regional Leste 1 – CNBB.