“Todos os povos, nações e línguas o serviam” (Dn 7,14). Esta afirmação da liturgia da Igreja católica deste último domingo do Tempo Comum, na solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, expressa a relação universal com o reinado de Cristo.
O título de Rei, atribuído a Jesus nos Evangelhos, aparece espontaneamente na relação que as multidões têm com Ele. Em várias ocasiões, diante das palavras e dos grandes feitos de Jesus, a reação das pessoas era querer entronizá-lo como Rei. Em todas essas circunstâncias, porém, a atitude de Jesus é sempre a de fugir, escapar, pois tinha clara a certeza de que “o seu Reino não era deste mundo” (Jo 18,36).
Interessante notar essa relação imediata que as pessoas fazem entre a presença de Jesus entre elas e o estabelecimento de uma outra ordem de governo. Jesus definirá sua realeza na relação com o serviço. Ele veio para servir e não para ser servido (cf. Mt 20,28). Assim também os discípulos de Jesus compreenderam que pertencer ao seu reinado significa ter a disposição de entrar na escola do serviço a Deus na pessoa dos irmãos e irmãs.
Neste domingo, a Igreja no Brasil celebra a vocação dos leigos e leigas que exercem na Igreja e na sociedade a sua missão. O seu dia está relacionado com a festa de Cristo Rei porque são chamados a espalhar o reinado de Cristo nas diversas realidades onde se encontram. Os leigos e leigas, por força do próprio Batismo, têm como missão dar sentido cristão a todas as atividades humanas, pois elas fazem parte do que lhes é próprio. A vida em família e em sociedade, o exercício de uma profissão secular, a presença no mundo da cultura, da política, da economia, etc. estão no DNA da missão que lhes é própria.
Como acontece com todas as vocações, tudo parte de Cristo. Cristo viveu uma vida de família junto de Maria e José, em Nazaré. Ele também conheceu as alegrias e as dificuldades do trabalho, da amizade, enfim de todas as realidades sociais. E viveu tudo isso a partir de sua identidade mais profunda, como Filho de Deus. O seu ser Filho de Deus deu sentido e valor a tudo o que realizava. Tudo ganhava força no amor que nutria pelo Pai e, consequentemente, por seus irmãos e irmãs.
Em um mundo como o nosso onde há um forte apelo para a ética e a coerência de vida, os cristãos leigos e leigas encontram na sua relação com Cristo a força para transformar a realidade, deixando-se inspirar pela ação do Espírito Santo que nos move a colocar o amor a Deus e ao próximo no centro de todas as nossas relações.
Se queremos viver um tempo novo, de mais amizade social, fraternidade e justiça, os valores cristãos são a contribuição específica que todos os cristãos, mas particularmente os leigos e leigas são chamados a oferecer, precisamente pelo lugar que eles ocupam nas realidades sociais. O divórcio entre fé e vida é o que de pior um cristão pode oferecer para a sociedade. A fé inspira atitudes que redundam no bem das pessoas e do ambiente em que elas vivem.
Nesta ocasião lembramos também na Diocese os 2 anos de lançamento e atuação da Escola de Fé e Cidadania Dom Adriano Hypolito, que ganhou força no tempo da pandemia, através das diversas “lives” que têm acontecido, com grande interesse por parte dos fiéis leigos e leigas. Que a Doutrina Social da Igreja sirva sempre mais de inspiração para nos posicionarmos diante dos desafios sociais deste nosso tempo como cristãos comprometidos com a história de seu tempo, oferecendo a contribuição importante que os cristãos nunca deixaram de oferecer.Gratidão também a tantos leigos e leigas que nas nossas comunidades e paróquias exercem ministérios, com tanta dedicação, em favor do sustento da fé e da missão de seus irmãos.