Diocese e CDH fazem entrega da Medalha Dom Adriano Hypólito de Direitos Humanos

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O Centro dos Direitos Humanos de Nova Iguaçu (CDH) e a Diocese de Nova Iguaçu, comemorando o Dia Universal dos Direitos Humanos, entregaram a Medalha Dom Adriano Hypólito nesta quarta-feira (21), premiando duas personalidades e uma instituição, entes notórios na garantia de direitos, motivadores em nossa luta a fim de garantir que os Direitos Humanos sejam preservados na Baixada Fluminense.

Presentes puderam conferir a Cartilha ABC dos Direitos Humanos. Foto: Carlos Eduardo (CDH)

Cerimônia ocorrida no auditório do Cenfor, no bairro Moquetá, em Nova Iguaçu, marcou a abertura das comemorações dos 30 anos do Centro dos Direitos Humanos de Nova Iguaçu, fundado por Dom Adriano Hipólito em 1993. Além disso, foi lançada a cartilha virtual ABC dos Direitos Humanos, todos os presentes puderam acessá-la através de um QR Code disponibilizado pela organização.

 

Padre Renato recebeu a medalha de um jovem que foi assistido da Casa do Menor e outro que é atualmente. Foto: Carlos Eduardo (CDH)

Os homenageados foram o padre Luigi Costanzo Bruno, que infelizmente nos deixou no último dia 08 de novembro, o padre Renato Chiera, fundador da Casa do Menor São Miguel Arcanjo e a Rede de Mães e Familiares Vítimas da Violência de Estado da Baixada Fluminense, representada por Maria Angélica Bernardo.

 

 

Maria Angélica recebeu a medalha das mãos de Adriano de Araújo, coordenador do Fórum Grita Baixada. Foto: Carlos Eduardo (CDH)

Dom Luciano Bergamin, bispo emérito de Nova Iguaçu, Dom Gilson Andrade, bispo de Nova Iguaçu e presidente do CDH, além de Pierre Gaudioso, advogado e vice-presidente do CDH. Abrilhantando ainda mais o evento, crianças assistidas pelas atividades do Projeto Recriar, fizeram duas linda apresentações, primeiro a turma de ballet e depois alunos do reforço escolar cantaram e coreografaram uma canção de Natal.

             

A Medalha

Dom Adriano Hypólito nasceu em Sergipe, tendo como nome de batismo Fernando, foi frade franciscano ordenado em Salvador em 1942 e adotou Adriano. Durante a Ditadura Civil-Militar, membros da Igreja Católica também eram vítimas de violência de grupos contrários ao processo de abertura política do país. Como bispo de Nova Iguaçu colocou-se publicamente contra os anos de chumbo, sendo figura importante na luta pela garantia de direitos, acolheu perseguidos e foi tido como inimigo pelo regime. O sacerdote foi capturado e torturado, seu carro foi levado para frente da sede da CNBB e explodido, além disso foi colocada e explodida uma bomba no altar da Catedral de Santo Antônio de Jacutinga. Ele chegou na Baixada e optou pelos mais pobres. Não agradou aos militares e por isso, sofreu uma intensa perseguição para silenciar sua atuação, mas que foi em vão. Foi bispo da Diocese de Nova Iguaçu entre 1966 e 1994, quando se tornou bispo emérito.

Ainda fundou o Centro dos Direitos Humanos da Diocese de Nova Iguaçu, no ano de 1993, por toda essa atuação, em sua memória, a medalha que premia grandes atores da Baixada Fluminense na atuação pelos Direitos Humanos, foi batizada em sua homenagem.

Padre Bruno

Luigi Costanzo Bruno, mais conhecido como Padre Bruno, nascido em 03 de abril de 1942, é natural de Fossano, região de Piemonte na Itália, mas podemos dizer que é um cidadão da Baixada Fluminense, ordenou-se ainda em seu país de origem no ano de 1967. Atendendo a um pedido da Santa Igreja, vindo da Diocese de Turin chegou ao Rio de Janeiro, em 1969. Assumiu a Paróquia São Simão na Diocese de Nova Iguaçu, no bairro do Lote XV, em 19 de setembro de 1982, a convite do então Bispo Diocesano Dom Adriano Hipólito, conhecido por sua luta social, principalmente contra o regime ditatorial que comandava o país. Padre Bruno ficou marcado em seus 40 anos na região, por sua força na luta por justiça social, por jogar luz as mazelas que a população de sua paróquia e da Baixada Fluminense em geral sofrem. Por diversas vezes, o reverendíssimo padre foi ameaçado, algo que nunca o fez recuar em sua atuação sacerdotal e social, muito menos o furtou de denunciar a atuação da criminalidade no bairro Lote XV e suas imediações.

Padre Renato Chiera

Padre Renato Chiera, nativo de Villanova Mondovi, na região do Piemonte, é o fundador e presidente da Casa do Menor. Ordenado em 1967, ainda na Itália, chegou a Diocese de Nova Iguaço em 1978, recebido por Dom Adriano Hipólito. Tem em sua biografia a luta por Direitos aqui na região e após alguns anos atuando na paróquia São Miguel Arcanjo, em Miguel Couto, Renato decidiu dobrar-se sobre as feridas de tantas crianças e adolescentes não amados e de responder ao seu grito de ajuda. Foi assim que o padre fundou a organização que já tem mais de 30 anos de vida, buscando justiça social, educação e ser um importante agente formador na Baixada Fluminense, além de outros cantos do Brasil e do mundo.

Rede de Mães e Familiares Vítimas da Violência de Estado da Baixada Fluminense

Em 31 de março de 2005, um grupo de policiais militares, descontentes com o afastamento de cerca de sessenta pessoas da corporação, praticou uma espécie de vingança através do terror. O grupo deixou um rastro de sangue, com 29 vítimas fatais nos município de Nova Iguaçu e Queimados, o episódio ficou conhecido como a  “Chacina da Baixada”, a maior chacina ocorrida na história recente do estado do Rio de Janeiro. A chacina estimulou a criação da Rede de Mães e Familiares Vítimas da Violência de Estado na Baixada Fluminense. A organização fluminense busca fornecer auxílio psicológico e jurídico para famílias que tenha sido atingidas por esse tipo de violência, promove a visitação de mães e familiares de vítimas em comunidades periféricas da região,  mobiliza e articula atos públicos pelo direito à memória e justiça, além de realizar debates e rodas de conversa.