Irmã Filomena: 34 anos do martírio de sangue da Apóstola da Baixada

0
1168

Há 34 anos, a Baixada Fluminense perdeu uma de suas maiores defensoras dos direitos humanos e da justiça social. No dia 7 de junho de 1990, Irmã Filomena Lopes Filha, religiosa da Congregação das Irmãs Franciscanas da Imaculada Conceição de Maria, foi assassinada por traficantes no bairro de Itaipu, Belford Roxo, onde dedicava sua vida à construção de um futuro melhor para os mais necessitados.

Nascida em 26 de maio de 1946, em São Miguel do Anta, Minas Gerais, Irmã Filomena chegou à Baixada Fluminense como membro consagrada da ordem franciscana. Sua atuação foi marcada pelo compromisso incansável com a educação e a melhoria das condições de vida das comunidades carentes. Ela foi Diretora Pedagógica do Instituto de Educação Santo Antônio (IESA) em Nova Iguaçu, onde promoveu uma pastoral educativa que visava à conscientização e à libertação das pessoas por meio do conhecimento e da fé.

Em Belford Roxo, Irmã Filomena liderou mutirões para a construção de habitações, creches e postos de saúde, mobilizando a comunidade para criar um ambiente mais digno e seguro para todos. Seu trabalho resultou na construção de 280 casas, uma creche e um centro social no bairro da Viga, em Nova Iguaçu, beneficiando centenas de famílias. A dedicação de Irmã Filomena à causa dos pobres e oprimidos, no entanto, incomodou forças negativas que culminaram em sua morte violenta.

Na noite de 7 de junho de 1990, Irmã Filomena foi sequestrada e forçada a dirigir o próprio carro, o mesmo que transportava materiais de construção para os mutirões, até o local de seu martírio, onde foi assassinada com um tiro na nuca. Seu corpo foi encontrado em Itaipu, onde hoje uma cruz marca o local de seu sacrifício em sua memória.

A história e o legado de Irmã Filomena permanecem vivos na Baixada Fluminense. Uma escola no bairro de Itaipu leva seu nome, perpetuando a sua dedicação à educação e ao bem-estar das crianças e jovens da região. Além disso, a Diocese de Nova Iguaçu continua a celebrar sua memória e a se inspirar em seu exemplo de amor ao próximo e serviço aos mais humildes.

Dom Adriano Hipólito, então bispo de Nova Iguaçu, lembrou de Irmã Filomena como uma pessoa que conhecia profundamente as necessidades, sofrimentos e opressões do bairro onde atuava. Ele destacou seu empenho em anunciar a ação libertadora de Jesus Cristo e em oferecer sinais de esperança, mesmo diante da rejeição de alguns.

Em 2022, durante a Visita Ad Limina ao Papa Francisco, Dom Gilson Andrade, atual bispo de Nova Iguaçu, presenteou o Santo Padre com um quadro e a história de Irmã Filomena, ressaltando seu martírio e compromisso com a caridade. Este gesto simbolizou o reconhecimento da Igreja à dedicação e ao sacrifício de Irmã Filomena pela comunidade da Baixada Fluminense.

Para muitos, Irmã Filomena é lembrada não apenas como uma mártir, mas como um exemplo vivo de fé e ação. A Diocese de Nova Iguaçu abre um espaço para que as pessoas compartilhem suas experiências e testemunhos sobre a Apóstola da Baixada, mantendo viva a chama de seu amor pelo Povo de Deus e pela Igreja.

A história de Irmã Filomena, sua luta e seu sacrifício, são um testemunho de como a dedicação a uma causa justa pode transformar vidas e inspirar futuras gerações. Seu legado continua a inspirar e a guiar os passos daqueles que acreditam em um mundo mais justo e fraterno.

Clique aqui para acessar a página de testemunhos.