`Voltando pra casa`: Reflexões no centenário de Padre Agostinho Pretto

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1924

No centenário de Padre Agostinho Pretto, olhamos para trás e nos maravilhamos com a jornada desse grande líder espiritual e ativista social. Nascido em Encantado, Rio Grande do Sul, no dia 28 de março de 1924, sua vida foi uma sinfonia de luta e dedicação aos menos favorecidos.

Sua história é um testemunho vivo da resistência e da coragem em face da adversidade. Ordenado padre em 1953, Agostinho serviu em quatro diferentes paróquias em Porto Alegre, até ser convidado por Dom Hélder Câmara, em 1963, para se tornar assistente eclesiástico da Juventude Operária Católica (JOC). Foi nessa época que sua trajetória de comprometimento com os marginalizados o levou à perseguição da ditadura militar, forçando-o a viver na clandestinidade, na favela do Morro São Carlos, no Rio de Janeiro.

Preso em 1970, sua coragem só se fortaleceu, e em 1974, mudou-se para Nova Iguaçu, onde trabalhou ao lado de Dom Adriano Hypólito, fundando a Pastoral Operária e liderando-a nacionalmente. Foi também o primeiro presidente da Associação Nacional de Presbíteros, deixando um legado de serviço e compromisso com os menos favorecidos.

Seu último serviço pastoral na Diocese foi como pároco da Paróquia São José Operário, no bairro Califórnia, em Nova Iguaçu. O ex-ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência do Brasil, Gilberto de Carvalho, que colaborou com Padre Agostinho por anos na Pastoral Operária, lembra dele como uma inspiração e exemplo de dedicação aos excluídos, destacando seu papel crucial na formação de líderes sindicais que culminou na fundação da CUT – “o padre Agostinho Pretto foi para mim uma referência e um exemplo de vida, por sua dedicação e seu espírito de serviço aos excluídos, em especial aos trabalhadores”.

Hoje, celebramos não apenas um homem, mas um símbolo de resistência e esperança. Como ele mesmo disse:

“História na mão, caminho na frente. Quem perde a história, perde a memória e quem perde a memória não volta pra casa”.

Essas palavras ecoam como um lembrete poderoso da importância de preservar nossa história e memória coletiva, pois são elas que nos guiam em direção a um futuro de justiça e compaixão.

Atendendo ao desejo da família do Padre Agostinho, seus restos mortais foram enviados no ano de 2022 para a sua cidade natal. Seu legado vive em cada coração que continua a lutar por um mundo mais justo e humano. Que sua luz continue a iluminar nosso caminho, inspirando-nos a perseguir incansavelmente o sonho de um mundo mais justo, possível e necessário.