Páscoa: a vida que supera as forças de morte

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“Exulte o céu e alegre-se a terra amiga!” Com este convite se inaugura a celebração da nossa Páscoa anual, na missa da Vigília, na noite do Sábado Santo. Um canto de júbilo, pouco a pouco, contagia a assembleia celebrante quando se entoa o hino do Aleluia, há quarenta dias ausente das liturgias. Tudo isso por causa de um fato inédito: “Cristo ressuscitou!”

A notícia deste fato surpreende as mulheres que, de madrugada, vão ao túmulo para terminar o embalsamamento do corpo de Jesus. Igualmente são surpreendidos os Apóstolos, acabrunhados pelos eventos da Sexta-feira Santa. Do mesmo modo, ela não deixa de surpreender os homens e as mulheres de todas as gerações. Um fato extraordinário, inédito, se deu na história e a marcou para sempre. Cristo ressuscitou!

Os dias que precederam a festa da Páscoa, a mais importante do calendário cristão, foram marcados pelo esforço comum da oração, da penitência e da caridade. A Quaresma é, de certa forma, imagem da vida do ser humano. Já o justo Jó se perguntava se a vida do homem nesta terra não era senão uma luta? E é verdade, cada qual experimenta, de forma mais ou menos frequente, que os seus dias são marcados pela necessidade de superação. Mal se alcança um êxito, aparece um novo desafio. A Quaresma serve para renovar o espírito da boa luta que o cristão tem que travar para chegar ao ideal de santidade que lhe é proposto.

Em todas as lutas parece que se está a enfrentar o grande duelo entre a vida e a morte. Em nossos dias podemos ser tentados a concluir que a vida se enfraquece, enquanto uma “cultura de morte” se agiganta. São fatos que testemunhamos todos os dias, em realidades diversas, e que nos ameaçam. Quantas decepções com pessoas, instituições e até com nós mesmos não fazem parte do nosso cotidiano?! Tendemos a desanimar quando algumas lutas parecem impossíveis de serem vencidas. Pensemos, por exemplo, no crescimento da violência em todos os níveis, no multiplicar de pequenas ou grandes guerras, no domínio de poderes paralelos que oprimem os cidadãos de bem, na ameaça ao direito de nascer e de morrer com dignidade, na fome, nas catástrofes naturais, etc.

Porém, o fato da ressureição de Cristo é a força da vida que supera a morte, do amor que vence o ódio. Por isso, da boca do Ressuscitado, os discípulos escutam com frequência: “a paz esteja com vocês”.

Nossa luta pela vida é marcada pela certeza de uma vitória humilde que passa pela humilhação e a sofrimento, capaz de transformá-los em potência de amar, pela força do Espírito Santo, e pelo poder de Deus. Por isso, a ressurreição de Cristo é a grande certeza que move os cristãos e que os anima por dentro.

A ressurreição de Cristo não é um fato que se encerra na sua pessoa, mas é um dom feito aos que se unem a Ele através da fé e da vivência sacramental. Na ressurreição, Cristo recebe do Pai pelo Espírito, a vida imortal doada à sua humanidade para que através dele, todos os que a Ele se unem possam viver eternamente. Que desejo maior abriga o coração do ser humano senão o desejo da eternidade?

Celebremos com alegria duradoura e esperança firme a Páscoa de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ela é capaz de abrir possibilidades novas à humanidade.

Cristo ressuscitou, esta é a nossa Páscoa verdadeira!
Ele é a nossa firme esperança! Feliz Páscoa!