Carta sobre o Ano da Oração em preparação para o Jubileu 2025

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Meus irmãos e minhas irmãs, com desejos de alegria e paz, quero saudar a todos os fiéis da Diocese de Nova Iguaçu: ministros ordenados, pessoas consagradas, irmãos e irmãs no santo Batismo.

Inicialmente gostaria de recordar, em grandes linhas, marcos importantes da Igreja para este ano de 2024. Em nível de Igreja católica no mundo todo, convém recordar que este ano teremos a conclusão do Sínodo sobre a Sinodalidade: comunhão, participação e missão. Seguimos acompanhando e colaborando com as reflexões necessárias, de acordo com o que for sugerido pela Conferência episcopal.

Como Igreja presente no Regional Leste 1, juntamente com as demais (Arqui) Dioceses do nosso Estado assumimos pistas de ação que nos ajudam a viver em espírito de comunhão missionária. Além disso, o tema da Campanha da Fraternidade nos compromete a sermos instrumentos de reconciliação em meio a tantas divisões que nos fazem esquecer que “somos todos irmãos”.

Como Diocese, este ano marca o início de uma nova etapa pastoral com a aprovação do Plano Pastoral 2024-2026. Convido a todos a que se empenhem no seu conhecimento e na sua aplicação. Outro fato importante é a reestruturação da nossa ação pastoral em Vicariatos e a reorganização dos Regionais que agora são chamados de Foranias. Esta proposta pretende fortalecer ainda mais a proximidade, a formação e a nossa presença missionária e solidária nas diversas cidades da Diocese de Nova Iguaçu.

Enfim, outro marco importante e que é a finalidade principal desta carta, é que este ano marca a preparação mais imediata da celebração do Jubileu da Redenção, que comemorará os 2025 anos da Encarnação do Verbo Divino e terá como tema Jubileu 2025 – Peregrinos de esperança. Em comunhão com toda a Igreja e atendendo ao desejo do Papa Francisco, queremos viver este ano que antecede o Jubileu como Ano da Oração.

Na verdade, sabemos por experiência que nada se pode fazer na Igreja sem o empenho de todos e todas através da oração perseverante. Jesus Cristo nos deu o exemplo e com muitas palavras exortava os discípulos e os Apóstolos à oração.

O Papa Francisco sugere que “se possa dedicar o ano anterior ao evento jubilar, o 2024, a uma grande «sinfonia» de oração. Oração, em primeiro lugar, para recuperar o desejo de estar na presença do Senhor, escutá-Lo e adorá-Lo. Oração, depois, para agradecer a Deus tantos dons do seu amor por nós e louvar a sua obra na criação, que a todos compromete no respeito e numa ação concreta e responsável em prol da sua salvaguarda. Oração, ainda, como voz de «um só coração e uma só alma» (cf. At 4, 32), que se traduz na solidariedade e partilha do pão quotidiano.” (Carta do Papa Francisco a D. Rino Fisichella pelo Jubileu de 2025, 11 de fevereiro de 2022).

Movido pelas palavras do Santo Padre, quero convidar a todos os fiéis da Diocese de Nova Iguaçu a vivermos juntos, com intensidade e participação o ano 2024 como Ano da Oração.

São João Paulo II, identificou a oração como uma das necessidades da Igreja no terceiro milênio. Na Carta Apostólica Novo Millenio Ineunte disse: “As nossas comunidades, amados irmãos e irmãs, devem tornar-se autênticas «escolas» de oração, onde o encontro com Cristo não se exprima apenas em pedidos de ajuda, mas também em ação de graças, louvor, adoração, contemplação, escuta, afetos de alma, até se chegar a um coração verdadeiramente «apaixonado». Uma oração intensa, mas sem afastar do compromisso na história: ao abrir o coração ao amor de Deus, a oração o abre também ao amor dos irmãos, tornando-nos capazes de construir a história segundo o desígnio de Deus.” (n. 33)

Reconhecemos que precisamos dar ainda mais esta marca à nossa ação pastoral. Não se pode dar por descontado que as pessoas já sabem orar. Os grandes mestres da espiritualidade testemunharam com sua vida e em seus escritos que a oração é um caminho que se desenvolve ao longo da vida e, precisamente, nas suas mais variadas circunstâncias. Este caminho é indispensável para aqueles e aquelas que se comprometem no seguimento de Jesus.

Por isso, depois de ouvir o Conselho Presbiteral em dezembro de 2023, passo aqui a indicar algumas propostas concretas que podem contribuir para o crescimento pessoal e comunitário na vida de oração e para que nossas comunidades assumam sempre mais o seu papel de escolas de oração:

  1. Incentivar a Leitura orante da Palavra de Deus, pessoal e comunitária, facilitando o acesso a esta importante prática de vida espiritual madura, através de subsídios e de encontros de formação para todos (pastorais, associações, movimentos, etc).
  2. Adoração Eucarística semanal nas paróquias, de preferência às quintas-feiras, em horário que facilite a participação do maior número de fiéis, valorizando tempos prolongados de silêncio, podendo contar com subsídios diocesanos.
  3. Catequeses sobre a oração nas festas dos padroeiros e em outras ocasiões, podendo se servir, como base, da 4ª parte do Catecismo da Igreja Católica (sobre a Oração cristã), das Catequeses do Papa Francisco sobre a oração (6 de maio de 2020 a 17 de março de 2021) e dos livretos sobre a oração, produzidos pelo Dicastério para a Evangelização, a serem publicados pelas Edições CNBB.
  4. Retiro anual paroquial sobre o tema da oração, servindo-se dos mesmos textos indicados no nº 3, e com práticas de leitura orante da Palavra de Deus.
  5. Vigílias Eucarísticas no Mosteiro de Santa Clara (manhãs; tardes) programadas pelas paróquias, de acordo com o Mosteiro. As Associações, Movimentos e etc. também poderão organizar suas Vigílias.

Em comunhão com os Bispos do Regional Leste 1 queremos “valorizar as famílias e as comunidades paroquiais como casa e escola de oração, em particular por meio das celebrações, da adoração eucarística, da oração em família, dos círculos bíblicos, dos grupos de leitura orante da Palavra de Deus e da piedade popular em vista do Jubileu 2025” (Pista de ação da Assembleia Regional do Leste 1 – 2023).

Convido a todos e todas a que concretizem a vivência deste Ano da Oração, em preparação para a celebração do Jubileu de 2025, através dessas e outras ações concretas. Faz-se necessário dar passos neste setor da nossa vida cristã.

As propostas apresentadas não esgotam as possibilidades de práticas que garantam a vivência intensa deste Ano da Oração. No entanto elas representam um apoio para oferecer oportunidade a todos e todas de esforço comum no crescimento de comunidades orantes e evangelizadores.

Peço o especial empenho dos ministros ordenados, Padres e Diáconos, dos membros dos Institutos e Ordens religiosos e das Comunidades Novas, Catequistas, Seminaristas e outros interessados na formação para que ofereçam a necessária contribuição para prepararmos e celebrarmos o Jubileu com fé intensa, esperança viva e caridade operosa, através de um ano intenso de oração.

Lanço este convite-convocação na celebração da festa da Epifania. Os Magos vindos do Oriente adoraram o Menino Jesus nos braços de Maria e lhe ofertaram dons que representam sua presente e futura missão. A partir dessa experiência o evangelista nos diz que eles retornaram para casa por outro caminho. Não podemos empreender um caminho pastoral com eficácia sem o encontro profundo com o Senhor na oração. Será Ele a nos indicar direções, corrigir os desvios e renovar nosso ardor e nossas forças: “sem mim nada podeis fazer” (Jo 15, 5).

A Senhora da Piedade nos inspire, interceda por nós e nos guie como Mãe e Mestra para o renovado encontro com o Deus Uno e Trino que muda a nossa vida e nos move a sair ao encontro dos irmãos e das irmãs.

 

Deus abençoe a todos!

Sábado, 06 de janeiro de 2024.

 

Dom Gilson Andrade da Silva
Bispo Diocesano de Nova Iguaçu