Festas juninas: encontro entre fé e cultura

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Chegou o tão esperado mês de junho e com ele as tradicionais festas juninas para celebrar os Santos Antônio (13 de junho), João Batista (24 de junho) e Pedro (29 de junho). Trazidas pelos portugueses, presentes desde a época da colônia, com o passar do tempo as festas juninas se inculturaram, ganharam coloração brasileira e se difundiram pelas diversas regiões do país. São expressões de um povo que se organiza também para festejar junto e que ressaltam valores, desde os artísticos até os de convivência, econômicos e espirituais.

A fé e a cultura se encontram nas rezas, trezenas, luzes, fogueiras, comidas típicas, danças, roupas, realidades que enchem de alegria singela a força da devoção popular. As festas tendem a simplificar as relações entre as pessoas, servem para promover o clima de encontro das diversas realidades da cidade: a Igreja, as famílias, a cultura local, o poder público, o mundo do trabalho, etc. Trata-se de uma manifestação popular que traduz muitos de nossos anseios por espaços abertos à convivência fraterna e à cooperação mútua, na alegria de nossas crenças e devoções.

A tradição de séculos dessas festas pode nos ajudar a ver o valor do sentimento religioso, em meio a uma sociedade cada vez mais secularizada. Este não é estranho ao ser humano, ao contrário, é próprio dele, e a história é testemunha desse fato.

Eu me lembro de que durante meus primeiros anos de episcopado, vividos em Salvador, na Bahia, pude descobrir o jeito nordestino das festas juninas. O mês de junho praticamente é um mês pautado pelos festejos dos santos. A devoção a Santo Antônio ocupa os treze primeiros dias. A Trezena do Santo é um acontecimento popular e difuso. Há um ritual comum de orações e gestos e, em seguida, a partilha das comidas típicas que reúne as pessoas em clima de alegria e festa. Mais do que nas igrejas, elas são realizadas nas casas, condomínios, ambientes de trabalho, etc.

Na outra metade do mês, os festejos a São João tomam conta. É uma festa de luzes, cores, fogueiras, músicas e danças. Eu estranhava a saudação recorrente em todos os lugares: “Feliz São João”, quase com sabor de “Feliz Natal”. Aos poucos, fui percebendo a riqueza dessas tradições que traduzem a típica alegria da fé cristã.

Pisando em nossa terra, neste ano de 2023, a festa de Santo Antônio, em Nova Iguaçu, completa seu 160º aniversário. Desde o dia 31 de maio, deu-se início à preparação da festa através da oração. Até o dia 12 de junho, acontece a Trezena de Santo Antônio na Igreja Catedral, sempre às 19h. Além disso, a imagem do Santo iniciou também no dia 31 de maio sua peregrinação por alguns lugares da cidade: Cúria Diocesana, Casa da Solidariedade, Shopping Nova Iguaçu, Mosteiro das Clarissas, IESA, Centro POP.

As festas cristãs guardam ainda hoje a força de aproximar. Neste tempo em que há tanto distanciamento, mesmo após a pandemia, é preciso encontrar meios de tornar mais possível o reencontro entre as pessoas. Para os cristãos, a festa não é só um tempo de espairecimento, ela também se encaixa no paradigma missionário do nosso agir em favor da humanidade. Por isso, preparemos as festas para que sejam oportunidades de encontro, diálogo, fraternidade e solidariedade para com os mais pobres.